Viver à vontade

2022-10-27

Viver à vontade

À vontade, foi a minha primeira impressão de Aveiro. Quer fosse o vento, os animais ou as pessoas, eu sentia-me à vontade.

O vento de Aveiro está virado para si mesmo e indisciplinado. Não se sabe quando o vento vai levantar, e quando o faz, não se sabe onde vai soprar a seguir; o vento está sempre ao seu capricho. O vento sopra em direcção à água iluminada pelo sol, enviando ondas de luz; sopra em direcção aos canaviais altos em frente ao albergue, surpreendendo os pardais escondidos neles; e, como um malfeitor, sopra para os cabelos dos peões, enviando-os para a arrumação. É por vezes suave, por vezes irascível, sempre mutável, sempre à vontade.

 

 Os animais de Aveiro estão em casa. Há sempre muitos patos e gaivotas no tanque da escola. Num dia bom pode sempre vê-los alinhados ao sol, parecendo pequenas rochas numa fila limpa à distância. Eles estão sempre mais felizes quando chove. Ao contrário daqueles que se abrigam da chuva, eles salpicam na água à sua vontade, caçando e mergulhando ...... Em suma, é invejável. Há muitos pombos no campus, sempre a passear por aí, sem evitar as pessoas quando as vêem, como se fôssemos nós a perturbá-las. Sempre vi um bando de pombos a voar à volta do edifício da escola ao anoitecer e eu parava para os observar sempre, estas aves livres faziam-me sempre inveja.  

As pessoas de Aveiro é também muito liberal. No primeiro dia de aula, o professor disse-nos que há aqui um ditado chamado: " Isto significa que pode chegar quinze minutos atrasado à aula. Normalmente não há aqui aulas marcadas às sextas-feiras, deixando aos professores-alunos a recuperação e recapitulação do que aprenderam nos quatro dias anteriores do curso. O mesmo se aplica à atitude para com a vida. À tarde, o café da esquina ou a pastelaria está cheio de pessoas. Desfrutam do sol, da brisa e do tempo de relaxamento, não se preocupando com os cuidados da vida, mas desfrutando do momento.